Capriconiana nata, sempre fui a pessoa que se afoga em ocupações e obrigações, não só pelo gosto de ter responsabilidades demais, mas também pela necessidade de não lidar com outros sentimentos, pensamentos e aflições que ocupam a alma humana.
Quando pareço uma enxurrada emocional, me ocupo até não ter lugar para os sentimentos escapulirem. Foi assim que lidei com o luto no ano passado. Me ocupei com coisas que não deveria, enchi minha agenda com opções de atividades que não me interessavam, me comprometi com trabalhos nos quais eu não acreditava.
Mas, às vezes, o luto não pode ser simplesmente ignorado. Não podemos jogar um monte de tralha em cima dele e dizer "fica escondido aí, ok?". A gente sente e sente dor e chora e sofre. Foi aí que percebi que precisava fazer da morte um renascimento para mim mesma. Me deixei sentir cada milímetro da dor, deixei escapar por meus olhos cada mililitro de lágrima. E, depois disso, percebi que eu precisava abrir um espaço na minha agenda para mim.
Eu precisava de um espaço para ser quem eu sou, para pensar os meus pensamentos e para atender às minhas demandas. Aos poucos, fui colocando as coisas em ordem, abri mão de trabalhos, projetos e até mesmo de pessoas. É engraçado como esse negócio de "minimalismo mental" funciona mesmo e, de repente, você quer ser o mais minimalista possível. Não quero obrigações que não são minhas, não quero problemas que não são meus, não quero pessoas demais na minha vida.
E, bom, agora que abri esse espaço pra mim mesma na minha agenda atribulada, eu quero mais... Eu quero mais espaço para viver, para respirar, para correr, para viajar, para estar com as pessoas que amo. Eu quero mais liberdade. E eu quero menos, bem menos chateação e obrigação.
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