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2018: "Ainda sou quem era"



"Mais uma página do mesmo livro
Mais uma parte da mesma história
Mais uma telha do mesmo abrigo
Mais uma bênção da mesma glória.

Mais uma ruga do mesmo riso
Mais uma estrela do mesmo breu
Mais uma cena do mesmo circo
Mais uma face do mesmo eu."¹

O ano novo começou há exatamente 12 dias, talvez eu esteja um pouco atrasada para fazer textos nas redes sociais sobre recomeços, metas, mudanças e todas essas coisas que as pessoas falam em toda virada de ano. Além disso, tenho a sorte de fazer aniversário bem no comecinho de janeiro, o que deveria ser um reforço para eu querer falar sobre "ano novo, vida nova", mas, não sei bem o motivo, comigo ultimamente tem sido o inverso. O ano começa, meu aniversário chega e, ao invés de prometer dietas, trabalhos e conquistar o mundo, fico mais introspectiva. Surgem alguns pensamentos sobre o que tenho feito e como tenho feito, se estou realmente vivendo a vida que gostaria, se envelhecer e virar o ano é tão bom assim, entre muitos outros questionamentos. 
Acho que parte desses pensamentos vem exatamente por causa das promessas de fim de ano das pessoas com as quais convivo. Vai ano, vem ano, e as promessas permanecem ali. Sendo que 99,9% delas não são cumpridas. Eu não quero ser essa pessoa que promete coisas e não as cumpre. Eu quero ser aquela pessoa que cumpre cada uma das metas propostas no começo do ano.
Em 2017, coloquei sete metas (não gosto de chamar de promessas) para o ano, e, voilà, cumpri todas as sete. Isso faz de mim uma pessoa melhor que as outras? Claro que não. Isso só mostra que as minhas metas eram possíveis de ser cumpridas, afinal o que mais vemos em finais de anos são metas mirabolantes e que, além de não serem cumpridas, fazem as pessoas se sentirem frustradas por não conseguirem alcançá-las.
A mudança de um ano traz a ideia de renovação, mudança e, por isso, as pessoas se sentem na obrigação de revolucionarem suas vidas, fazer algo totalmente novo, muitas vezes, beirando ao absurdo. Mas, na verdade, a virada de um ano deveria trazer calma, um momento de respirar e inspirar.
Calma, é só mais um ano na sua vida, é só mais um estágio, é só mais uma página. Você não precisa dormir, no dia 31 de dezembro, de um jeito e, no dia 1º de janeiro, acordar totalmente diferente. Você ainda é você! E, se realmente quer mudar, porque não está satisfeito com a vida que está levando... bom, a página nova está em branco, esperando pra ser preenchida, só não precisa ser de um dia para o outro. Você tem mais 365 dias pra tentar. E, se não conseguir, tá tudo bem, afinal vai começar tudo de novo mesmo...


¹ "No pé do vento - Maria Gadú". Leia ao som dessa música! (https://www.youtube.com/watchv=b1fPD8HdAKU&list=PLtv9ua_4oYX34Tk6BZxeROeldfWqstfB1)

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