Estou de férias. E agora? Tenho tempo para ver os filmes que falei que queria ver, ler os livros que comecei e não consegui dar continuidade, aprender de fato a costurar, observar os pássaros e a chuva, respirar de forma mais lenta e não pensar em absolutamente nada relativo à vida acadêmica e ao trabalho pelos próximos dias.
Entre um gole e outro de chá, penso que não sei mais lidar com uma vida calma e com o fato de não ter crises de ansiedade por achar que não darei conta de tudo o que precisa ser feito. A vida é tão melhor assim, mas confesso que estou assustada. Sinto que, a qualquer momento, vou me dar conta de que, na verdade, eu precisava entregar um trabalho ontem e simplesmente esqueci.
Pensando nisso, minha respiração oscila, o coração dispara, o nervosismo e a vontade de sair correndo e gritar voltam a me assombrar. Velha amiga, você aqui de novo. Essa sensação eu conheço muito bem. Não gosto dela, mas me acostumei a estar em sua companhia. Quando ela não está, faz parecer que sou uma completa inútil e que abandonei coisas importantíssimas que precisam ser feitas imediatamente.
Corro novamente até a cozinha, pego mais chá... camomila, claro! Deito na rede, vejo as andorinhas voando, penso em quanta coisa eu deixei de fazer por ter uma vida atarefada demais. Não quero isso. Não mais.
Mas... o que eu realmente quero? Também não sei. Sei que quero poder respirar, observar o mundo ao meu redor, conversar com as pessoas, ler mais livros só por estar a fim, ver filmes, ouvir álbuns e discografias inteiros de uma mesma banda, viajar o mundo, me casar, aprender idiomas, como o Grego Antigo - afinal, isso serve pra quê? -, dançar de maneira desengonçada, rir de piadas que não fazem sentido até a barriga doer... Sei que quero que minha vida seja muito maior do que uma simples página de rede social ou um currículo preenchido anualmente com 3 artigos Qualis A.
O problema é que, enquanto observo as andorinhas, percebo que não sei mais como ser como elas, não sei como é deixar o vento guiar meu voo, como esperar a vida acontecer aos poucos de maneira natural. Sinto que preciso estar correndo atrás de algo o tempo todo. E o problema maior é que esse "algo" nunca chega ou sempre muda, sempre se distancia. E, no fim das contas, é isso que eu preciso aprender, aprender a deixar o vento guiar meu voo. Essa precisa ser minha prioridade a partir de agora... Para 2021, espero que isso se torne realidade.
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