Desde criança, sempre tive medo do mar. Toda vez que minha família decidia viajar para uma cidade com praia, eu ficava desesperada. Ninguém nunca entendeu, afinal que criança não gosta do mar? Brincar na areia, tudo bem, mas entrar na água me deixava um pouco em pânico.
Quando chegava na praia, todos os meus primos iam para a água correndo e eu ficava lá na areia, sentada, observando tudo e construindo e destruindo meus castelos de areia, que mais pareciam uma metáfora de como eu me sentia com relação ao mar, quando eu o construía, representava minha coragem em ir até a água, mas era só a água molhá-lo um pouquinho e a coragem desmoronava.
Ao chegar na adolescência, desisti de ir à praia, afinal, o que eu faria lá? Mas a família nunca entende, então tive que ir muitas vezes ainda. Ficava sentada, embaixo de uma sombrinha, lendo um livro qualquer ou então colocava várias músicas no MP3 e fazia dos fones meus melhores amigos.
Depois de um mês de férias na praia, decidi que teria que dar um jeito de não ter mais tanto medo do mar. Fui andando até a beira e deixei a água gelada encontrar meu pé, respirei fundo, estava bem fria, mas era boa. Andei um pouco mais, até que a água já estava chegando no meu joelho, era uma sensação boa, o toque do mar me fazia estremecer, mas não era mais medo, era vontade de me deixar levar por aquele mar de ressaca (é, encontrei algo em comum entre nós dois). Aquela vontade me assustava, pois enquanto eu não tinha experimentado, o que existia era medo, afinal o mar é perigoso, mas o que eu queria, agora, era mergulhar de cabeça em algo que poderia me fazer muito mal, algo que poderia me destruir. Mas as borboletas no estômago não me permitiam mais voltar para areia, elas queriam alçar voo, voar para dentro daquelas ondas fortes e agitadas.
Fui entrando um pouco mais, deixando que o mar me abraçasse cada vez mais forte, até que a água atingisse a altura do meu pescoço. Aquilo era ótimo, me dava sensação de paz, liberdade, poder... E o medo? Bom, esse já tinha ido embora, mesmo eu sabendo que aquelas ondas fortes de ressaca podiam me fazer afogar. Mas, afinal de contas, só se afoga quem se doou, quem se entregou, quem deixou-se levar pelas decisões do mar, não é mesmo? E, pelo que percebi, quem se deixa levar pelas decisões dele, sempre, aproveita ao máximo, pois mergulhou de cabeça. E isso nem sempre é ruim, não é mesmo?
Foi, então, que descobri que nem sempre o desconhecido é ruim, talvez seja a melhor coisa para você, talvez te dê sensações que você jamais sentiria se não mergulhasse no desconhecido, se não se deixasse levar, se não se entregasse totalmente. E, foi assim, que perdi o medo do mar.
Foi, então, que descobri que nem sempre o desconhecido é ruim, talvez seja a melhor coisa para você, talvez te dê sensações que você jamais sentiria se não mergulhasse no desconhecido, se não se deixasse levar, se não se entregasse totalmente. E, foi assim, que perdi o medo do mar.
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