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UM CASO COM FILIPE CATTO

Como todos os outros dias de minha vida, eu estava apenas seguindo meus instintos. Andando pelas ruas de nossa querida POA, no inverno. Uma noite fria e, alguns diriam, tenebrosa. Mas sempre tive uma queda pelo inverno. Trazem sempre um sentimento de tristeza e mistério, e, desde a infância, achava a áurea sombria dessa estação maravilhosa.
Foi quando vi, em um pequeno PUB mal frequentado, um pequeno quadro, escrito "Filipe Catto, hoje as 22h". Pela primeira vez na vida, ignorei a falta de acento grave na frase, olhei a hora - 21:58h -, então entrei no tal PUB, que era até bem aconchegante. Nunca tinha escutado uma só música do tal Catto, mas algo em seu nome me chamou a atenção.
Vinte minutos de atraso, quem ele achava que era? Um cantor de PUB atrasando... era só o que me faltava! Até que, finalmente, subiu um homem no palco. O homem mais lindo que eu já tinha visto em toda minha vida. Cabelos mais compridos do que o normal, roupas pretas, bem despojadas. Um subversor! E um olhar... que eu sentia tocar minha alma! E, quando ele começou a cantar, me perdi naquela voz, que transbordava poesia.
Foi aí que a menina tímida e sombria, de pele morena, cabelos cacheados e batom vermelho, decidiu que queria chamar a atenção daquele homem, era algo considerado impossível, mas dizem que a sorte é cega, não é?
Peguei um copo de Jack Daniel's e fui para frente do palco. Por sorte (ou destino), a música seguinte que ele cantou foi "20 e poucos anos", e, de Fábio Jr., eu entendia... Cantei e, durante as outras, me deixei levar pelo embalo, o que não era nada difícil.
O show acabou e o tal Catto saiu do palco... Para minha tristeza, simplesmente, saiu pelo camarim. Droga, nem chamar a atenção de um cantor você consegue, garota sem graça!
Até que alguém encostou no meu ombro e disse "posso te pagar outro whisky?", quando olhei para ver quem era, não pude acreditar... Era ele! Só pude responder: "Claro!"
Fomos para uma mesa no canto do PUB e ele pediu uma garrafa de Jameson Irish e disse "Eu te observei desde a hora que subi no palco, você destoa de todas as outras pessoas nesse lugar, não podia ir embora sem falar com você... Prazer, sou Filipe!"
Filipe... UAU! "Sou Amélie, e você também me encantou, desde a hora que li seu nome no letreiro".
Conversamos por horas, ele me levou até em casa e, ao chegarmos no portão do prédio, perguntei "você quer subir?". Ele subiu e passamos o resto da noite  juntos.
Quando amanheceu, ou melhor, quando acordamos, tomamos Nescafé e nos despedimos. Eu sabia que nunca mais o veria, não dessa forma, pelo menos. Mas nada, jamais, afetaria o que sentimos naquela noite.
Atualmente, frequento seus shows, fico bem lá atrás, para não ser vista, apenas nós, sabemos da importância por trás disso...
E, depois, me contento em ouvir suas músicas com um copo de Johnnie Walker.

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