Pular para o conteúdo principal

Para 2021, quero ser um pouco mais como as andorinhas que vejo pela janela...

    Estou de férias. E agora? Tenho tempo para ver os filmes que falei que queria ver, ler os livros que comecei e não consegui dar continuidade, aprender de fato a costurar, observar os pássaros e a chuva, respirar de forma mais lenta e não pensar em absolutamente nada relativo à vida acadêmica e ao trabalho pelos próximos dias.

    Entre um gole e outro de chá, penso que não sei mais lidar com uma vida calma e com o fato de não ter crises de ansiedade por achar que não darei conta de tudo o que precisa ser feito. A vida é tão melhor assim, mas confesso que estou assustada. Sinto que, a qualquer momento, vou me dar conta de que, na verdade, eu precisava entregar um trabalho ontem e simplesmente esqueci.

    Pensando nisso, minha respiração oscila, o coração dispara, o nervosismo e a vontade de sair correndo e gritar voltam a me assombrar. Velha amiga, você aqui de novo. Essa sensação eu conheço muito bem. Não gosto dela, mas me acostumei a estar em sua companhia. Quando ela não está, faz parecer que sou uma completa inútil e que abandonei coisas importantíssimas que precisam ser feitas imediatamente.

    Corro novamente até a cozinha, pego mais chá... camomila, claro! Deito na rede, vejo as andorinhas voando, penso em quanta coisa eu deixei de fazer por ter uma vida atarefada demais. Não quero isso. Não mais.

    Mas... o que eu realmente quero? Também não sei. Sei que quero poder respirar, observar o mundo ao meu redor, conversar com as pessoas, ler mais livros só por estar a fim, ver filmes, ouvir álbuns e discografias inteiros de uma mesma banda, viajar o mundo, me casar, aprender idiomas, como o Grego Antigo - afinal, isso serve pra quê? -, dançar de maneira desengonçada, rir de piadas que não fazem sentido até a barriga doer... Sei que quero que minha vida seja muito maior do que uma simples página de rede social ou um currículo preenchido anualmente com 3 artigos Qualis A.

    O problema é que, enquanto observo as andorinhas, percebo que não sei mais como ser como elas, não sei como é deixar o vento guiar meu voo, como esperar a vida acontecer aos poucos de maneira natural. Sinto que preciso estar correndo atrás de algo o tempo todo. E o problema maior é que esse "algo" nunca chega ou sempre muda, sempre se distancia. E, no fim das contas, é isso que eu preciso aprender, aprender a deixar o vento guiar meu voo. Essa precisa ser minha prioridade a partir de agora... Para 2021, espero que isso se torne realidade.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Até logo, instagram!

Em 2020, resolvi reviver este blog após passar por muitas questões. Então, voltei, aos poucos, a escrever por aqui. No ano passado, passei por mais problemas e, em setembro, criei coragem para falar sobre isso. Mas, desde então, nunca mais voltei aqui. Porém, já há algumas semanas tenho sentido a vontade de sentar e escrever sobre os muitos pensamentos e sentimentos que têm me rondado ultimamente. O problema é que eu não criava coragem para o fazer. Do fim do ano até agora, estive muito ocupada com as minhas obrigações profissionais e acadêmicas e, em seguida, me senti estafada. Ainda estou um pouco. E, no fim das contas, foi isso que me motivou a sentar em frente uma página em branco do blogger e começar a digitar este texto. Há pouco menos que uma semana, mais exatamente na segunda-feira, dia 14/02, eu me senti exausta, o que não fazia sentido algum, já que era uma segunda-feira e eu faço de tudo para ter os fins de semana livres (é raríssimo me ver estudando ou trabalhando nesses di...

Leio para não ser engolida pela rotina

na semana passada, uma amiga (oi, Luiza) compartilhou a seguinte frase no story do instagram "livro não é  unidade de medida" e essa é uma verdade que deveria ser absoluta. mas isso vai na contramão da sociedade em que vivemos atualmente e vai na contramão da possibilidade de criação de conteúdo para a internet. essa reflexão tem absolutamente tudo a ver com a forma com que eu venho repensando e ressignificando minha vida, minha produção acadêmica, meu trabalho como professora e, óbvio, minha relação com o universo virtual. estar no instagram enquanto "produtora de conteúdo", apesar de não viver disso, me fez muitas vezes reconfigurar minha vida e ter crises de identidade sobre como o que eu gostaria de fazer/ser. nunca vi na internet uma possibilidade de trabalho, apesar de sempre gostar de falar por aqui (vide este blog que criei há muitos anos). falar sobre as coisas, trocar ideias e experiências sempre foi uma grande paixão para mim e foi um dos motivos pelos qu...

Meu espaço na agenda

Capriconiana nata, sempre fui a pessoa que se afoga em ocupações e obrigações, não só pelo gosto de ter responsabilidades demais, mas também pela necessidade de não lidar com outros sentimentos, pensamentos e aflições que ocupam a alma humana. Quando pareço uma enxurrada emocional, me ocupo até não ter lugar para os sentimentos escapulirem. Foi assim que lidei com o luto no ano passado. Me ocupei com coisas que não deveria, enchi minha agenda com opções de atividades que não me interessavam, me comprometi com trabalhos nos quais eu não acreditava. Mas, às vezes, o luto não pode ser simplesmente ignorado. Não podemos jogar um monte de tralha em cima dele e dizer "fica escondido aí, ok?". A gente sente e sente dor e chora e sofre. Foi aí que percebi que precisava fazer da morte um renascimento para mim mesma. Me deixei sentir cada milímetro da dor, deixei escapar por meus olhos cada mililitro de lágrima. E, depois disso, percebi que eu precisava abrir um espaço na minha agenda ...